Em um domingo ensolarado, acordei muitíssimo animado para
assistir ao Grand Prix du France de F1, o ano era 1999 e esse papa
automobilístico, que na época era no máximo um coroinha dos kartista do Armageddon,
se preparava para acompanhar mais uma corrida, atividade normal desde 1994 para
esse pobre e indefeso garoto.
Apesar do título desse diário nos levar a conclusão de que o
“causo” se passa na França, a derrocada toda ocorreu no Brasil,em Sorocaba, o
que não torna a crônica menos interessante.
Como todos os domingos, eu havia acordado 30 minutos antes
da largada, era um ritual onde eu preparava meu computador com os tempos dos
pilotos, previsão de paradas, entre outras coisas, mas naquele fatídico dia,
fui surpreendido com uma notícia que saiu da boca de minha mãe feito uma bomba
nuclear em meu domingo, “Guto, temos que ir para a missa”, ao indagar a dona da
pensão sobre o porque não poderia faltar à gloriosa cerimônia religiosa, fui
surpreendido com mais um daqueles mísseis que não citarei o nome “o padre montou
um esquema novo para controlar as faltas dos catequisandos, após o término da
missa, cada infeliz criança receberia uma figurinha do padre, após o término do
ano, deveríamos mostrar as figurinhas ao líder religioso, comprovando assim
nossa frequência em suas maravilhosas missas (sem ironia meus caros!).
Sem opção me dirigi até a Igreja sabendo que não havia
saída, muitos de vocês poderão falar que fiz uma tempestade em um copo d’água,
mas o detalhe que omiti até então é que o pole position da prova dos comedores
de croissant, era simplesmente o rei da pachecada da época, Rubens Barrichello,
e para delírio dos pachecos de plantão, o cara corria com um carro meia boca, o
Stewart-Ford, a pole veio devido a mudanças no tempo durante a classificação,
mas Galvão jamais explicou isso para a pachecagem.
Voltemos nosso foco para a Igreja, a largada já havia sido
dada, eu sabia que aquele era o fim do meu domingo, cada minuto que passava,
minha raiva aumentava,e a vontade de gritar para a igreja toda ouvir que era um
absurdo obrigar-me a estar lá,aumentava, comecei a olhar para os lados, e foi
nesse momento que senti que minha sorte voltara. Eu tenho dois primos, gêmeos univitelinos, eles chegaram atrasados para a
missa e logo que os avistei, tracei meu plano de mestre, eu finalmente passaria
o padre para trás.
A ideia era simples, caras idênticas, os ajudantes do padre
sabiam dessa peculiaridade, então se um dos caras iguais passasse duas vezes na
fila das figurinhas, ninguém ia notar que a regra do padre seria burlada.
Minutos depois eu já havia trocado de lugar e alcançara meus salvadores da
pátria, só faltava convencê-los a realizar o plano.
Após alguns minutos de insistência, os meninões aceitaram
participar da fraude que talvez me levasse a arder no mármore do inferno, já
haviam passados 40 minutos de prova e Rubinho ainda era o líder da corrida!Ufa!
Não me lembro mais como acabou aquele GP, meus pachecos,
mas a corrida chegara ao seu final,e eu sorrateiramente entrei na igreja, vi os
inocentes primos, que só toparam realizar o plano pois temiam uma represália do
ente mais velho, coletando as valiosas figurinhas e logo após receber o prêmio
da fraude, fui cumprimentar o glorioso funcionário
da fé em Deus na Terra.
Mas o maior prêmio daquela manhã além de ver o evento
francês, foi receber o tapinha nas costas, dado pelo padre, me parabenizando
pelo bom comportamento que tive durante a missa, isso sim foi o golpe final que
apliquei em alguém que tentou quebrar um ritual que se repete desde os tenros
momentos de minha vida, o de nunca perder uma prova de F1, desde 1999, fora o
padre, saibam que ninguém nunca mais chegou perto de me impedir de assistir uma
corrida da maior categoria de autos do mundo!
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