segunda-feira, 30 de julho de 2012

Diário de um Torcedor II : A última vez em que torci !



Macacada, ainda estou com ressaca da F1, portanto hoje não falarei das novidades, fofocas ou bate-boca da categoria máxima do automobilismo, deixo para vocês mais uma boa história vivida por este capitão dos mares da internet na segunda semana da Sessão Diário de um Torcedor,talvez a macacada ainda não tenha percebido, mas este blogueiro nutre uma grande admiração por um dos maiores pilotos da história do automobilismo mundial, confiram:


                                           
                           A última vez em que torci

Foi em novembro do ano 2006 que esse escriba automotivo chegou em São Paulo para passar  mais um final de semana automobilístico da sua vida. O evento em questão aconteceria no autódromo de Interlagos. Era simplesmente a decisão do Mundial de Fórmula 1 daquele ano.Na disputa pelo caneco estavam o então piloto da Ferrari e heptacampeão Mundial Michael Schumacher, e o jovem El fodinha Fernando Alonso, defendendo as cores da Renault .

Aquele fim de semana que para mim seria o mais importante da minha vida até então, aos poucos dava-me pequenas amostras de que nada aconteceria da maneira como eu tinha imaginado.
Para que vocês entendam os sentimentos desse velho enciclopedista automobilístico, devemos voltar para o ano de 1994, naquele ano que para a maioria significava a morte de um dos melhores pilotos que o mundo já viu, para um menino sorocabano, de apenas 7 anos, significava o nascimento de uma paixão  que o acompanharia durante sua vida toda.A paixão pelos carros de corrida e em especial,a admiração pelo jovem que estava apenas no seu quarto ano de Fórmula 1,o alemão Michael Schumacher.

Voltando para 2006, os leitores mais atentos com certeza já se lembraram, que o alemão da Scuderia do cavalinho rampante havia anunciado sua aposentadoria, o que significa que o autor que vos conta o “causo”, perderia o seu maior ídolo das pistas para sempre, logo após o término das 72 voltas da etapa paulista.
Na sexta-feira perdi todos os ônibus que me levariam ao local que para mim era o centro do universo naqueles 3 dias de Grande Prêmio, mas com a ajuda da boa alma de minha prima Potira, pude chegar ao palco onde aconteceria o grande espetáculo sobre rodas.
Após conferir o treino de sexta-feira e passar uma noite espetacular no pomposo Jockey Club de São Paulo, com a excelente companhia do meu primo e anfitrião Pituco, me deparei com um incomum e ensolarado sábado na metrópole paulistana. Ao chegar no circuito de 4.309m, meus amigos cariocas (que havia conhecido no dia anterior) já estavam a postos  com suas bandeiras devidamente hasteadas com os dizeres “Felipe Massa, os cariocas apoiam você”.

O clima no Autódromo era descontraído, afinal de contas quase ninguém por aquelas bandas se importava com o queixudo que iria parar de correr no dia seguinte, muito menos com um espanhol de nariz empinado com um carro cor azul desbotado, mas eu sabia a importância daquele dia, se Alonso largasse na frente de Schumacher, o campeonato acabava ali mesmo, o espanhol deveria terminar a prova na 4°colocação e o vovô Michael era obrigado a vencer para que o título fosse parar na terra dos chucrutes. Após um nervoso treino de qualificação, a pole position ficava com o rápido e empolgado Felipe Massa, para a alegria dos torcedores da casa e também para a minha alegria, afinal, com Fernando El Fodinha Alonso na quarta colocação e Michael largando no 2°posto, o roteiro para o grand finale  estava preparado, bastava Felipe e Schumacher saírem em disparada, largar El Fodinha na poeira com sua modesta 4°posição, e inverterem suas posições no final da prova!

Domingo cheguei ao Autódromo José Carlos Pace nervoso, porém confiante de que meu sonho de assistir a última corrida do meu ídolo, e vê-lo ganhar o oitavo título mundial, logo em minha casa, seria realizado.
Após longas seis horas de espera na arquibancada, onde junto dos meus amigos cariocas , comi,  gritei , pulei, conversei e até vendi cigarros para pagar minha mochila nova (mas essa história fica para a próxima), chegava a hora da verdade e perguntava-me  segundos antes da largada: “Será que vai dar? E se o Schumacher ganhar?Poderei invadir a pista?”, enfim, milhares de coisas passavam na minha cabeça.

As 14hrs no horário de Brasília os bólidos largaram para decidir o disputado título daquela temporada, meu nervosismo era enorme e contrastava com a alegria dos brasileiros nas arquibancadas, contentes em ver pela primeira vez após morte de Ayrton Senna, um brasileiro com chances reais de vencer o GP Brasil. A partir do segundo giro da corrida, quando eu avistei (será que eu avistei mesmo?) a dupla da Ferrari passar a mais de 300km/h ocupando as duas primeiras posições e Alonso cruzar diante dos meus olhos na 5°posição, minha memória se perdeu.

Já não lembro a ordem dos acontecimentos, mas lembro-me que nem nos meus piores pesadelos senti aquela dor, o duro golpe de ver alguém que de fato merecia vencer, ser impedido de alcançar seu intento , não sei em qual volta, em que curva e nem como aquilo aconteceu, mas segundos depois minha memória voltara e nos meus olhos entravam a imagem de Michael Schumacher com o pneu (que já não me lembro qual era) estourado e entrando nos boxes para trocar os calçados da máquina vermelha, em uma tentativa  desesperada porém em vão de ganhar seu último Grande Prêmio da carreira e que por uma grande coincidência, coincidência essa que só acompanha gigantes que como ele, destruiu, esmagou e reescreveu todos os recordes da história da Fórmula 1, seu último Grande Prêmio valia o seu oitavo título mundial.

O final dessa história todos já sabem, Felipe Massa venceu a corrida, El Fodinha se transformava no atual El Fódon e sagrava-se bicampeão mundial e eu...

Bem... eu  enxuguei as lágrimas e segui em frente sem nunca mais torcer para outro piloto da categoria,me tornei apenas um voyeur da Fórmula 1, sabendo que o único piloto digno dos meus tão sinceros sentimentos havia feito de tudo, para me alegrar naquele derradeiro domingo de sol, mas foi traído pela sombra que lhe acompanhou durante toda a carreira, e que acompanha todos os grandes campeões...

A sorte!

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